Um pouco de História da dança - dança de salão

 [...] aparece registrada nos mais antigos testemunhos gráficos da préhistória, documentos que datam da última época glacial, dez a quinze anos antes da nossa era e podem ser observados nas cavernas préhistóricas do Levante espanhol - Alpera (Valência) e Cogull (Lérida) - e são semelhantes a outros documentos pré-históricos relativos à dança encontrados na África do Sul (Rodésia e Orange) e na França (Solutrais e Dourdogne). Tais pinturas rupestres levam-nos a crer que o homem primitivo executava danças coletivas nas quais predominavam os movimentos convulsivos e desordenados [...] (RIBAS, 1959, p.26).

Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos. Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram. Dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar força ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver! (TAVARES, 2005, p.93).
    
 É extremamente complicado afirmarmos, hoje em dia, sobre algo que teve origem no passado. Naquela época não existia registro nem a noção de que se devia registrar algo para ser lembrado mais tarde. Então o que fazemos é observar algumas culturas que mantém antigas tradições e tiramos nossas próprias conclusões.


     Com relação a dança no Brasil, o que podemos dizer é que antes da chegada européia, os índios já realizavam suas danças. Consistiam em simulações de lutas e rituais indígenas. Após a chegada européia juntamente com os escravos africanos, o Brasil tornou-se misto. Haviam as culturas indígenas com seus rituais e lutas, as culturas africanas com seus batuques e ritmos corporais e as culturas européias retratando a realeza com um cunho mais clássico.


     É dança o que de bom se fez no passado, o que de bom se faz agora e o que de bom se fará no futuro, e será dança aquilo que contribuir efetivamente, aquilo que se somar positivamente às experiências vividas por gerações de artistas que dedicaram suas existências ao plantio e cultivo de uma arte cujos frutos surgem agora, não apenas nos nossos palcos, mas nas telas dos nossos cinemas e das nossas televisões, deixando de ser algo cultivado por uma pequena elite para se transformar num meio de entretenimento dos mais populares nas últimas décadas. (FARO, 1986, p.130).


     Foi no século XVII que se deu o grande avanço da Dança de Salão, com a criação da primeira escola de dança e a profissionalização da classe. As Danças de Salão, segundo PERNA (2001) se originam de causas sociais, causas políticas ou acontecimentos destacados do momento e é praticada com objetivos de socialização e diversão propiciando o estreitamento das relações sociais de romance e amizade.


     Aqui no Brasil a Dança de Salão que se vê hoje nas escolas, studios e academias de dança iniciou-se nos primeiros anos do século XX (1914 / 1915), quando a suiça Louise Poças Leitão, aportou em São Paulo para evitar a primeira guerra mundial. Louise Poças Leitão trouxe consigo alguns ritmos, dentre eles a Valsa e a Mazurca. Madame Louise formou discípulos que mantiveram suas tradições, dentre eles, o Núcleo de Dança Stella Aguiar na própria São Paulo. No Rio de Janeiro a Mestra Maria Antonietta Guaycurus de Souza foi a grande precursora deste movimento, segundo JAIME ARÔJA (em entrevista, Maio de 1997) Ela foi o elo de ligação entre o passado e o presente, pois em uma época em que as danceterias proliferaram, promovendo o afastamento dos pares, foi ela a responsável pelo resgate da importância da dança de salão. Não bastasse esse fato, ela também representa, na sua essência, a mais viva expressão da dança.


     Maria Antonietta foi discípula de Moraes (cujo aprendizado se deu em Portugal através de um professor norte-americano) e começou em sua academia (primeira academia de dança de salão da época) na década de 40. O que sei hoje devo a ele. [...] vim de um grande mestre de dança. Dele jamais vou esquecer. (ANTONIETTA, em entrevista, maio de 1997).
     Após o desaparecimento das academias de dança de salão, devido ao auge das discotecas e crescimento das danceterias (final dos anos 60), Antonietta começou sua brilhante carreira alugando uma sala para dar aulas como autônoma. Desde então se tornou a MESTRA em Dança de Salão MARIA ANTONIETTA e formou discípulos como Jaime Arôxa e outros grandes nomes como Estelinha e Carlinhos de Jesus.